domingo, 22 de julho de 2012

No Rio de Janeiro, a partir do dia 23, a exposição "Adriana Barreto – Agora Sim - O que pode um corpo"

Oi Futuro apresenta exposição com videoinstalação, instalação fotográfica 
e vídeos da artista carioca.

Performance “O Menor Espaço para o Corpo”, com cinco atrizes, 
abre mostra dia 23 de julho.


Oi Futuro, Rio
[Níveis 1 e 2]
Rua Dois de Dezembro, 63, Flamengo
Abertura: 23 de julho de 2012, às 19h
Visitação pública: até 23 de setembro de 2012
Entrada franca
Curadoria: Alberto Saraiva e Zalinda Cartaxo
Realização: Oi Futuro
Patrocínio: Light 

Oi Futuro apresenta a exposição “Agora Sim – O Que Pode Um Corpo”, com obras da artista carioca Adriana Barreto. A mostra ocupará os Níveis 1 e 2 do Oi Futuro Flamengo com uma videoinstalação, uma instalação fotográfica e três vídeos. No dia da inauguração, aberta ao público, a artista realizará a performance “O Menor Espaço para o Corpo”, junto com cinco atrizes.

Adriana Barreto ocupa um espaço singular nas artes visuais, por incorporar em sua pesquisa sua vivência como bailarina e coreógrafa.  Se antes o corpo, as mãos, o gesto, eram presentes no seu trabalho, agora, na mostra do Oi Futuro, o movimento do corpo, o domínio da dança, são elementos visíveis para o público, transpondo o repertório da dança para o campo das artes visuais. 

No Nível 1 do Oi Futuro estará uma instalação fotográfica de grande dimensão chamada “O Côncavo da Mão”. Nos três monitores que ficam na entrada do Oi Futuro estarão os vídeos: “O côncavo da mão” (2011), “Plano dobrado” (2012) e “O menor espaço para o corpo” (2011). No primeiro, a artista aparece esculpindo esferas com as mãos, a partir de uma massa branca criada por ela. As bolas são arremessadas uma a uma contra uma parede. O segundo vídeo é sobre o músculo e o suor. O terceiro é a videoperformance “O Menor Espaço para o Corpo”, apresentada na exposição “High Tech/Low Tech – Formas de Produção, de janeiro a março deste ano, no Oi Futuro.

Já no Nível 2, que terá o piso coberto com vinil preto, estará uma instalação imersiva chamada “O Menor Espaço para o Corpo”, que será completada no dia da abertura da exposição (23 de julho) com a performance da artista junto com cinco jovens atrizes, integrando a ação com as imagens do ambiente. No grande salão, será projetado nas paredes um vídeo inédito, em que as mãos da artista surgem gigantes em movimentos lentos e precisos. No centro da sala, as colunas abrigarão grandes caixas de som que reproduzirão um áudio, com a voz da artista, distorcida eletronicamente, recitando um poema sobre o corpo. 

Na performance “O Menor Espaço para o Corpo”, que será realizada na noite da abertura da da exposição, Adriana Barreto será acompanhada de cinco atrizes. A cada passo dado por elas, será colocado um pedaço de fita crepe no exato local onde pisaram, formando um x. A performance será feita no meio do público e não terá um percurso pré-determinado, pois este “pode mudar de acordo com a posição do público”. As marcações feitas durante a performance permanecerão no chão durante o período da exposição. “É uma ocupação do espaço a partir do desenho e do corpo”, diz Adriana Barreto. “Ficam os rastros da dança, que é uma coisa muito efêmera. Você fica sentindo aquele momento, mas a dança acaba”, afirma. 

No dia 20 de setembro, a artista também apresentará a performance “O Menor Espaço para o Corpo”, na Cristina Guerra Contemporary Gallery, em Lisboa. 

“Ao considerar que as artes visuais, desde os anos 1960, sofreram um processo de hibridização, em que diversas disciplinas, meios, referências e poéticas passaram a se atravessar, podemos compreender a contemporaneidade da obra de Adriana Barreto. Sua trajetória revela a sua poética, uma investigação constante que abrange categorias e meios diversos: pintura, escultura, performance, dança, coreografia, vídeo, fotografia”, afirma Alberto Saraiva, curador da exposição ao lado de Zalinda Cartaxo. 

“O corpo tem papel definitivo na minha criação, especialmente na afirmação do equilíbrio, numa espécie de dominação do espaço: quando a bailarina, na ponta dos pés, constrói seu percurso espacial sequencialmente até a exaustão ou na manipulação de massa escultórica que surge a partir do vídeo O côncavo da mão; na manipulação em perfeito equilíbrio das mãos esquerda e direita gerando o ponto, literalmente, de equilíbrio, ou na confecção de esferas”, observa a artista.  



SOBRE A ARTISTA
Adriana Barreto nasceu no Rio de Janeiro, em 1949. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Dentre as exposições individuais realizadas pela artista, destacam-se: “Impermanência”, na Casa França-Brasil, no Rio de Janeiro, e no Museu de Arte Moderna da Bahia, em Salvador, em 2005, e no Museu de Arte da Pampulha, em Belo Horizonte, em 2004; “Laboratório”, no Museu da Escultura Brasileira (MUBE), em São Paulo, e na Fundação Clóvis Salgado – Palácio das Artes, em Belo Horizonte, em 2001, e no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, em 2000; “0 km”, apresentada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e na Galerie Debret, em Paris, em 1997; “Pinturas e Aquarelas”, em 1995, no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro; entre outras. 

Dentre as exposições coletivas, destacam-se: “Hight Tech/ Low Tech – Formas de Produção”, apresentada este ano no Oi Futuro Flamengo, no Rio de Janeiro, e também na China, Rússia e Alemanha; “IV Bienal do Barro de América”, em 2001, no Centro de Arte Lia Bermúdez, na Venezuela; “Matéria e Abstração”, em 2000, no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro; “Pinturas Coleção Carioca João Bosco”, em 1996, no Centro Cultural dos Correios, no Rio de Janeiro; “Semana Brasil”, em 1994, na Organização dos Estados Americanos (OEA), nos EUA; “A Estrela Chorou”, em 1993, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e da Bahia; “XXIV Festival Internacional de La Peinture”, em 1992, no Château Musée Grimaldi, na França; “A Nova Aquarela”, em 1989, no Centro Cultural Brasil-Argentina, no Rio de Janeiro, entre outras.

Serviço: Adriana Barreto – Agora sim
Abertura: 23 de julho de 2012, às 19h
Visitação pública: até 23 de setembro de 2012 
Oi Futuro 
Rua Dois de Dezembro, 63, Flamengo, Rio de Janeiro  
Terça a domingo, das 11h às 20h
Entrada franca / Classificação etária: Livre
Informações: 21 31313060 begin_of_the_skype_highlighting            21 31313060      end_of_the_skype_highlighting begin_of_the_skype_highlighting            21 31313060      end_of_the_skype_highlighting begin_of_the_skype_highlighting            21 31313060      end_of_the_skype_highlighting
www.oifuturo.org.br

Assessoria de imprensa do Oi Futuro: 
Carla Meneghini – 21 8834.8827/ 3131.3077
carla.meneghini@oi.net.br
Letícia Duque – 21 3131.2517 
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Mais informações:  CW&A Comunicação
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Exposição: Agora Sim
Texto de Alberto Saraiva - 2012

Adriana Barreto: continente invisível

Ao considerar que as artes visuais, desde os anos sessenta, sofreram um processo de hibridização, em que diversas disciplinas, meios, referências e poéticas passaram a se atravessar, podemos compreender a contemporaneidade da obra de Adriana Barreto.
Sua trajetória revela a sua poética: uma investigação constante que abrange categorias e meios diversos (pintura, escultura, performance, dança, coreografia, vídeo, fotografia etc.). Contudo, não se trata de uma investigação formal, senão, espaçotemporal, tendo em vista o permanente estado de devir de suas obras: seus objetos escultóricos se mantêm em um ponto específico de equilíbrio sugerindo os possíveis percursos de suas quedas; as linhas de suas pinturas vibram e se multiplicam no espaço pictórico ressonado noutras, quase invisíveis, que se confundem com a materialidade da fatura; seus vídeos são ações performáticas, assim como suas fotografias que, juntas, criam uma coreografia das mãos da artista.
A estrutura espaçotemporal de suas obras deve, em muito, à experiência da artista com a dança e com a coreografia. O corpo tem papel definitivo na sua criação, especialmente na afirmação do equilíbrio, numa espécie de dominação do espaço: quando a bailarina, na ponta dos pés, constrói seu percurso espacial sequencialmente até a exaustão ou na manipulação de massa escultórica que surge a partir do vídeo O côncavo da mão; na manipulação em perfeito equilíbrio das mãos esquerda e direita gerando o ponto, literalmente, de equilíbrio, na confecção de suas circunferências, por exemplo.  
A liberdade da experiência estética que Adriana Barreto utiliza em seu processo de criação, sem as limitações determinadas pelas especificidades das áreas de conhecimento, se revela num vasto repertorio técnico e poético.
Nesse sentido Adriana Barreto vem desenvolvendo uma série de conceitos que lhe são caros e que promovem principalmente a intersecção entre dança e artes visuais tendo como centro de reflexão o corpo. Tal incursão exigiu da artista a concentração numa sequência de pequenas observações e práticas que resultaram em dados que ela considera conceitos-base para a percepção do corpo como status de consciência no mundo. O corpo é encarado primeiro por sua forma, isto é, um volume orgânico dentro do espaço; segundo, por sua capacidade intelectual de lidar com consigo mesmo e com o espaço ao tomar consciência de si nessa interação. Desse mote, vem uma sequência de estados de crítica no qual o corpo é instalado para que se possam efetuar ações de integração do corpo-mundo. A esse estado de ser a artista chamou de “continente invisível”. Como o corpo é o vetor de sua pesquisa, o espaço é naturalmente seu complemento. Assim, o “continente invisível” é basicamente o corpo e seu embate com o mundo físico – o corpo está no chão, sob o efeito da gravidade, rodeado de espaço que é o ar, e é na percepção do ar que o corpo deve notar o volume no qual está inserido. Adriana leva em consideração, em especial, que o corpo é na essência uma massa abaulada, circular e esférica, que se comunica com o universo também esférico, onde um dos aspectos mais importantes é perceber as invisibilidades sob as quais o corpo está sujeito, entre elas: o ar e os espaços disponíveis na superfície do corpo. É claro que, além disso, a artista tem considerado amplamente o contexto de inserção; essa harmonização do corpo-mundo sugere que haja uma predisposição para estar socialmente crítico e disponível, posto que se há uma defesa da consciência do corpo, há aí também uma postura política em relação a esse mesmo contexto.  
É a partir desse “continente invisível” que a artista vem desenvolvendo ao longo de algumas décadas seus trabalhos, dentre eles vale destacar o espaço-forma, denominado por ela como “côncavo da mão”, lugar nas palmas das mãos de criação de volumes esféricos que traduzem a sintonia fina do corpo com as coisas externas a ele. Outro exemplo, ainda, é o “menor espaço para o corpo”, que é aquele que pode ser ocupado por uma pessoa quando se está nas pontas dos pés. Tanto o “côncavo da mão” quanto o “menor espaço para o corpo” são sugestões da artista em relação à construção e à ocupação do mundo. São pequenas metas que deflagram um amplo processo de crítica em relação ao modo como o corpo se relaciona com o espaço. Desse modo, a artista cria alternativas aos massificantes processos sociais de absorção e embotamento aos quais estamos expostos, oferecendo-lhes uma experiência sensível, cujo compromisso seria o de poder concentrar-se em si para melhor habitar.

Alberto Saraiva 
Curador 
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E a partir de 27 de julho, também esta mostra.


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