terça-feira, 4 de outubro de 2011

De 7 a 29/10, Joh Mabe Espaço Arte & Cultura abriga duas exposições de artistas japoneses


Earth-Love, Dois Universos, inaugura em 06 de outubro 2011, obras de Isamu KOJIMA e Sumiko ARAKI, artistas japoneses no JOH MABE Espaço Arte & Cultura. 

Kojima com a série EARTH, tema símbolo eterno de suas criações e Araki com LOVE, obras que compõe com couro e linho. 
Ambos nasceram em Fukuoka, Japão e se formaram no Fukuoka Gakugei University na década de 1960. São ex-colegas de classe e se tornaram grandes amigos desde então. Kojima conhece o Brasil desde a década de 1970, tendo participado até da XIII Bienal de São Paulo. Araki vem pela primeira vez ao Brasil.

EXPOSIÇÃO
EARTH-LOVE
Kojima e Araki - Dois Universos
CURADORIA
JOH MABE
TEXTO
ENOCK SACRAMENTO
PRODUÇÃO
ELY IUTAKA
LOCAL
JOH MABE Espaço Arte & Cultura
Av. Brigº. Luis Antônio, 4225 Jd. Paulista-SP
Tel. 11 / 3885-7140 ou 3884-1277
ABERTURA
6 de outubro – quinta-feira – das 19 às 23 horas
PERÍODO
7 a 29 de outubro de 2011
HORÁRIO
2ª a 6ª das 10 às 18 horas
Sábado das 10 às 15 horas
* Fecha no feriado 12/10/2011
Nº. DE OBRAS
35 obras
TÉCNICA
Kojima - Mista sobre papel japonês, sobre tela ou cartão
Araki – Técnica mista – Couro e tecido
DIMENSÃO
Kojima 24 x 24 cm a 104 x 138 cm
Araki 50 x 30 a 210 x 172 cm.


Cada qual, através de técnicas distintas buscam no resultado de suas obras o uso consciente do material e o não desperdício do recurso disponível, aliás ensinamento que é peculiar da cultura japonesa.

A exposição composta por 35 obras no total. Araki tem os trabalhos em dimensões maiores, painéis com o suporte transparente do linho, destacando a aplicação do couro em formas, ora irregulares, ora figurativas compondo poesias oníricas. A destreza, a precisão e o resultado mostram o quanto o tempo é testemunho  de tamanha disciplina. Nas obras de Kojima podemos dizer que quanto mais o suporte é explorado, o resultado é surpreendentemente gratificante, criando espaços vazios, possibilitando ou não a inserção do meio, uma terceira cor, a cor do reflexo oculto.

“ A dicotomia entre fundo e forma orquestra a dinâmica das técnicas mistas de Sumiko Araki que, não raro, saem do plano para a tridimensionalidade. Sua obra é mais pletórica, orquestral, enquanto que a de Kojima é uma música de câmara.” (Prof. Enock Sacramento)

“I combine leather and hemp cloth (mosquito net) for my works, because I'd like to send a message through these materials that even seemingly incompatible matters originate from the only one source.
The energy of love lies beneath all themes of my works. my cherished belief is that love is the answer to all difficulties. Hoping to see the peaceful future of our world, I've been pursuing the form of truth which resides in the invisible realm.” (Sumiko Araki)

“Em minhas obras procuro reproduzir o que testemunho cada dia de minha vida. Através do papel japonês que tenho como suporte principal consigo representar  as cores vibrantes do céu, da brisa suave, do perfume das flores, da fúria da água e do vento, enfim, da Natureza que nos dá e nos suprime  na mesma proporção, a alegria de viver.” (Isamu Kojima)


ENCONTRO EM OUTRO MUNDO

Isamu Kojima e Sumiko Araki são dois artistas japoneses, da província de  Fukuoka, cujas obras são reunidas num pais distante: o Brasil. Kojima é ex-colega, na Fukuoka Gakugei University, de Araki, de quem nunca se distanciou.

Por razões eletivas, Kojima aproximou-se do Brasil nos anos 70, período em que teve destacada presença no movimento artístico paulista. Entre suas participações no período destacam-se o Salão Paulista de Arte Contemporânea,  a XIII Bienal Nacional, o Salão de Arte Contemporânea de Santo André, o de Itu e o Bunkyo. Kojima não fixou, todavia,  residência definitiva no Brasil. Até hoje divide moradia entre o Brasil e o Japão, países em que expõe com regularidade, paralelamente a outros países, nos quais expõe esporadicamente.

Apesar das convergências, as obras realizadas por Kojima e Araki são muito diferentes.
Kojima realiza essencialmente um trabalho em técnica mista sobre papel japonês. Ele não utiliza nem os instrumentos básicos do desenho como o lápis, nem os da pintura como  a tinta, saída do tubo e misturada na paleta, e os pincéis convencionais, mas uma tinta a óleo solúvel em água, diluída e aplicada com uma trincha sobre o papel umedecido ou que escorre sobre ele mediante inclinações diversas.  Este papel,  colado sobre cartão ou tela, representa o corpus principal de seu trabalho, que se apresenta em três níveis.: um inferior, um intermediário e um superior. O inferior é representado pelo cartão ou tela sobre o qual o papel é colado;  é geralmente pintado com cor chapada, muitas vezes em vermelho ou azul.  O nível intermediário é representado pelo próprio papel japonês de cor suave, resultante de várias passagens da trincha umedecida ou de “banhos” diversos, e que ostenta quase sempre nervuras resultantes do processo de colagem ou de escovagem, que provoca rasgos que deixam à mostra o suporte inferior. Finalmente, o terceiro nível é representado por superfícies de mármore em pó de formatos variados, “colados” sobre o papel japonês. Às vezes, este nível superior deriva de uma superfície pastosa penteada. O trabalho de Kojima é essencialmente abstrato, embora receba, vez por outra, no nível superior, a forma de uma borboleta. Esta presença justifica-se pela postura filosófica de Kojima em relação à arte e a seu trabalho plástico. É a presença da vida, de um animal que, entre outras funções, tem aquela da polimerização de flores, da qual resulta a possibilidade do fruto e a continuidade da vida. Kojima utiliza a água em se trabalho porque entende que trata-se de um produto natural que permite o irrompimento de eventos naturais como a mistura aleatória das cores e sua fixação sobre a superfície de papel.  Para ele, o que o homem faz, desaparece com o tempo, enquanto o que a natureza faz, permanece. As técnicas mistas de Kojima almejam à síntese do universo. Um universo belo, delicado, silencioso.
As formas na obra de Sumiko Araki assumem a geometria como elemento de linguagem. Seus materiais de eleição são o couro e o linho, sendo que este atua normalmente como suporte do primeiro. O couro, recortado,  configura o trabalho mediante um desenho caprichoso na tela e no espaço. 

As curvas predominam sobre as retas, mas há sempre entre elas um diálogo harmônico. A harmonia é uma qualidade perseguida sempre pela artista que, como Kojima, é muito ligada à natureza, à harmonia das esferas de que falava Kandinsky. 

O trabalho não raro remete a formas vegetais estilizadas e possui um caráter orgânico. A artista utiliza linhos de diversas cores e o couro  subreposto  entra na composição do trabalho ora numa única cor, ora em diversas cores, ora perfurado ou recortado dando origem a formas diversas que remetem não raro a um bordado. A dicotomia entre fundo e forma orquestra a dinâmica das técnicas mistas de Sumiko Araki que,  não raro, saem do plano para a tridimensionalidade. Sua obra é mais pletórica, orquestral, enquanto a de Kojima é uma musica de câmara. Seus vasos de flores, em couro perfurado, dependurados na vegetação e, às vezes, portando galhos floridos, todavia, são de uma delicadeza extrema.

Enock Sacramento
Membro da Associação Internacional de Críticos de Arte










www.pitoresco.com

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