quinta-feira, 24 de março de 2011

Se todos gostassem do amarelo...

João Carlos Lopes dos Santos             
As múltiplas faces
da arte
     Se vocês querem saber qual a melhor definição de artes plásticas, mormente pela ótica do mercado de arte, nenhuma supera a do jornalista Joelmir Beting. Disse ele, certa vez:
"Preto no branco: arte catalogada é investimento seguro, rentável e de liquidez assumida. Claro, descartado o dividendo espiritual da beleza da vida capturada na janela da fantasia pelo dom divino do artista iluminado. "Arte na parede não é ouro no cofre nem dólar na moita. É raio de luz, valor que não tem preço. E o que não tem preço é sempre um artigo barato. No mundo inteiro é assim: arte é bem de raiz, reserva de valor, resseguro de crise, arrimo de família, ficha cadastral. E, de sobremesa, prestígio social." - Joelmir Beting.
A janela da vida e o 
artista iluminado

     Na minha ótica, a transcrita definição, dentro de um contexto econômico, não poderia ser de outra pessoa. Se destacarmos o trecho:
"Claro, descartado o dividendo espiritual da beleza da vida capturada na janela da fantasia pelo dom divino do artista iluminado,"
também teremos uma belíssima definição de artes plásticas; aí, fora do contexto de mercado.
     Que inveja, gostaria que fosse minha... Mas como talento não se pode furtar, o mestre Joelmir está de parabéns em ambas definições.
     Há quem dê à arte definições ortodoxas, voltadas aos seus interesses artísticos e profissionais. Grosso modo, dizem: isto é arte, aquilo não é. Na minha maneira de ver, seja qual for a manifestação artística, defino-a como:

"Arte é a emoção de quem a faz, cristalizada pela luz da emoção de quem a recebe."

Mostre sua arte e encontrará
seu público

     É como se fosse uma flor na mais absoluta escuridão, que só se revela bela quando recebe um raio de luz. É por isso que, ao se contemplar uma obra de arte - ou ouvir uma música, ver uma peça teatral e outras manifestações artísticas -, uns gostam, outros não. Os que não gostam, não interagem com a luz da emoção. Por outro lado, tenho uma certeza: se atividade artística for realizada com emoção, fatalmente, encontrará vários fachos de luz pela vida afora.
     Mostre a sua arte e encontrará o seu público. Daí, se falar de público específico, de segmento ou seguimento, até de nicho. Há que se correr riscos: quem expõe sua arte fora do seu público, se arisca a agradar poucos e a desagradar muitos. 

     Nas minhas andança pelas casas e paredes alheias, tenho visto de tudo, e muitas vezes nada, exposto nas paredes. Já ouvi quem dissesse que preferia comprar uma televisão nova, a investir em um quadro.
Sensibilidade se afina
com educação artística
     Admirar uma obra de arte, passa por uma boa educação, por uma sólida cultura, por exercícios de sensibilidade, por olhos afinados com a longa vivência da contemplação do que é bom.
     Essa é uma das razões por que defendo a tese que se deve dar cultura artística às crianças desde o ensino fundamental. Como as pessoas, nos sobreditos aspectos, estão em patamares diferentes, há gosto para tudo. E, aqui, nem se está cogitando em aferir capacidade financeira. Vê-se, então, de tudo nas paredes.
     O meu dia-a-dia, é colorido, pois cada cliente tem preferência por uma cor. Quase sempre, marido e mulher têm preferências por estilos diferentes. Se for para agradar todos da família, fatalmente, o marchand deverá apresentar um leque de opções.
     Já presenciei de tudo, até gente chorando de emoção diante de uma pintura, que tinha sido motivo de risos irônicos de outros. Como, então, se definir arte de uma forma ortodoxa?

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